nessa arqueologia, em busca da ave-palavra te convido a aguçar os sentidos, a deixar fluir as incertezas, a remover as pedras que teimam em impedir o voo nessa arqueologia, te convido a me dar as mãos os olhos os ouvidos e a entrar comigo na caverna, silenciosamente, até que ouçamos o pio da ave; a voz, o chamado Tão logo adentrei o universo poético de Helena Arruda, desde seu primeiro livro, deparei-me com esse chamado, um convite irrecusável. Assim é Helena quando decide abrir todas as fronteiras, arrombar as portas, arrebentar as cercas, escancarar as janelas, mergulhar em alto mar, subir montanhas íngremes e escorregadias, voar, ou, simplesmente, ficar. Se antes ela buscava sua flor no abismo, passa agora a buscar incessantemente a ave rara. Para isso, ela escava, arqueologicamente, os porões do pensamento numa procura pujante; pois se no princípio era o verbo, a poeta brinca com Cronos e se antecipa a ele com imagens impactantes, belíssimas, como a (...)