Aqui, deve realçar-se a forma como Vieira de Mello apresenta uma leitura alternativa desse grande evento que marcou a independência artística do Brasil. Referimo-nos, é claro, à Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 13 a 17 de fevereiro de 1922. Ao analisá-la pelo prisma da virtude socrática, que jamais misturaria as vantagens da inteligência com os sacrifícios exigidos pelo caráter, o diplomata supera as etiquetas da sua profissão e, com uma sinceridade rara no meio intelectual, demonstra que, na verdade, o evento incentivou a sedimentação do estetismo na cultura brasileira, ajudando a transformá-lo em uma espécie de cânone que, juntamente com o malfadado desenvolvimentismo econômico dos anos 1960, seria um dos responsáveis pela redução da incrível complexidade do ser humano.