Se o psicótico é um sujeito sempre acossado pela ameaça de recair em uma cena absolutamente cerrada, na esfericidade asfixiante do circuito infernal da demanda materna, sua posição de sujeito só pode então ser mantida por meio de algum tipo de nominação. Sua posição de psicótico, aliás, é decorrente precisamente do fato de que, em sua vida privada, isto é, nos laços familiares, houve fracasso na transmissão do nome próprio. O neurótico, por mais que se queixe de seu anominato, não tem de fato do que reclamar, posto que houve pai para ele, houve uma função paterna que teve sucesso em transmitir-lhe um nome próprio, capaz portanto de assegurar-lhe, ao mesmo tempo, uma filiação simbólica e um traço singularizante, uma vez que o nome próprio é algo que diz respeito a um sujeito singular. O neurótico, portanto, tem um nome próprio, que se exerce pelo menos na esfera privada, no microcosmo em que circula. Já o psicótico, por sua vez, e Joyce é um paradigma neste caso, nada recebeu do lado paterno, cujo fracasso em lhe transmitir esse operador decisivo para a organização subjetiva deixou-o simplesmente sem arrimo em sua existência, obrigando-o a não apoiar-se senão em si mesmo para não sucumbir.