Depois do desastre da última guerra e até à crise de legitimidade das democracias, Paul Ricoeur procurou uma reabilitação do político, por meio da preocupação atribuída ao direito. Trata-se, para Paul Ricoeur, de dar crédito à capacidade dos sujeitos para visar um bem comum e ter em conta a fragilidade, tanto das pessoas como das instituições. Estas duas orientações entrecruzam-se numa prática do juízo, que interpreta o justo na singularidade das situações, decide e distribui o que cabe a cada um, e contribui para reconstituir um laço social possível. Paul Ricoeur faz, assim, do juízo, o juízo do magistrado, o juízo do cidadão, o juízo de cada humano, o local do justo na cidade em comoção. Um livro fundamental num tempo em que o político necessita de ser redimensionado porque cada vez mais desacreditado. Esta é uma abordagem de um dos maiores filósofos vivos. OLIVIER ABEL, professor de Filosofia Ética em Paris, é colaborador da revista Esprit e do IHEJ.