O livro. Ela nunca perdeu a disposição para ser feliz, mesmo frente às tragédias pessoais que a vida lhe impôs (como a perda da neta e da única filha). Tarsila do Amaral, grande artista do movimento modernista brasileiro, ressurge em todo o seu esplendor e sofisticação em Tarsila, de Maria Adelaide Amaral.O dinamismo do texto de Maria Adelaide Amaral transporta o leitor ao ano de 1922, com a chegada da artista ao Brasil após temporada em Paris, e finaliza com a sua velhice, 50 anos depois. Retrata sua vida junto a de outros três importantes expoentes do modernismo: Mário de Andrade, Anita Malfatti e Oswald de Andrade, privilegiando o ser humano ao invés do mito. Unidos por uma amizade que perdurou até o início dos anos 30, eles viveram frustrações, ciúmes e vaidades. Cenas e diálogos contidos no livro ocorreram de fato, extraídos da correspondência trocada entre eles.Momentos cruciais da vida de Tarsila estão presentes na obra, como a conturbada paixão por Oswald de Andrade, as confidências junto a Mário de Andrade, as graves dificuldades financeiras trazidas pela crise de 29, a prisão em 1932, o estremecimento da relação com Anita Malfatti. Mas, sobretudo, a autora dá a conhecer a lucidez e dignidade que a transformaram em uma mulher à frente de seu tempo, encontrando na arte o impulso para a vida.A intimidade das quatro personagens é embalada por momentos históricos, como a quebra da bolsa de Nova Iorque e o advento do comunismo, e culturais, como os movimentos antropofágico e pau-brasil. Maria Adelaide Amaral traz à luz a importância e a atualidade das obras desses artistas, que se debatiam entre a influência européia e a busca de uma identidade artístico-cultural genuinamente brasileira.