Com as transformações ocorridas na agricultura brasileira a partir de meados do século XX e com as novas tecnologias que incentivavam a monocultura, muitos brasileiros/as perderam espaço no campo por não possuírem condições econômicas para se adequarem aos novos métodos de produção vigentes. Incentivados, pois, pela política de colonização de áreas vazias que o Paraguai apresentava nesse período, pequenos/as agricultores/as decidiram migrar, com o objetivo de encontrar naquele país terras férteis e de cultivo barato. Por algum tempo a vida no país vizinho transcorreu normalmente, mas problemas como a falta de documentação (tanto em relação às terras como às pessoas), bem como os conflitos de interesses, foram fatores que impulsionaram o retorno desses/as migrantes, os quais ficaram conhecidos/as como brasiguaios/as. Considerando esse contexto dos processos migratórios (de ida e de retorno) de brasileiros/as ao Paraguai, parte-se da premissa de discutir como a história das mulheres não é reconhecida e notada pela história tradicional. Para que se alcançasse os objetivos propostos nesta pesquisa, foram entrevistadas, com o suporte da metodologia da História Oral, mulheres brasiguaias que atualmente residem no Assentamento Itamarati, localizado no município de Ponta Porã, no estado de Mato Grosso do Sul MS. A partir das narrativas das histórias de vida dessas mulheres, e tendo os estudos de gênero como categoria de análise, demonstra-se, assim, os caminhos cotidianamente traçados por elas desde a decisão de migrar para o Paraguai até o retorno e permanência no Brasil.