"Busca entender, através de entrevistas textualizadas, uma comunidade à beira do rio Madeira-RO, chamada Calama. É uma aplicação, talvez pela primeira vez na Geografia Humana, da História Oral e das técnicas de transcriação como mecanismo para um aprofundamento maior na estrutura da comunidade. Há neste livro tanto história, as histórias pessoais quanto o espaço e o lugar, não a parti r de teorias, mas da experiência viva nas falas de pessoas da comunidade de Calama. A partir dos procedimentos da História Oral e da Geografia Humana se passa a ter um mecanismo teórico/metodológico para o tecido entre o Humano e a Geografia, já que se parte da experiência para compreender o lugar e seus fluxos sociais e imaginários, tendo na narrativa seu eixo principal aquilo que diz porque fez e faz o lugar. Integrar a fala e a experiência como elementos fundamentais para a compreensão e estrutura dos conceitos de espaço e lugar (tratados como dimensões virtuais de determinada sociabilidade e dos indivíduos e grupos), é uma das conquistas do texto. Não mais o espaço e o lugar enquanto conceitos, mas, fundamentalmente, como instâncias da vivência. Primeiro, por serem constituídos socialmente, não havendo nem espaço nem lugar fora da sociabilidade, fora da presença humana; segundo, por estarem na fala ao fazerem parte constitutiva da experiência vivida; terceiro, por retomarem um lugar conceitual a parti r dessa experiência e não de um a priori conceitual. Do amálgama vivo da experiência com o espaço e o tempo sociais é possível, a parti r das entrevistas chegar à vivência dessas percepções e fundar uma compreensão mais profunda do viver o lugar. A partir da experiência contada chegar aos múltiplos espaços vividos e com isso, alcançar, não os conceitos, mas uma comunidade singular. Esse livro se insere na luta tanto por outra História Oral, aquela que terá seu eixo vital no conceito de cápsula narrativa, quanto por uma Geografia Oral, aquela que terá no indivíduo seu ponto de parti da, seu eixo de construção coletiva."