O poço de Campaná parece ter nascido de um filme de Fellini. Humor leveza e lirismo atuam com desenvoltura neste livro compondo um clima onírico surpreendente. É o caso do conto A tipoia que revela um tom absurdo e surrealizante. Fred Góes também recorre na ficção à perspectiva dos cronistas: é quando aproveita cenas pitorescas as quais na maior parte das vezes surgem do cotidiano da cidade para dar vazão ao imaginário. Trata- se aqui de um aspecto muito comum ao percurso histórico da literatura brasileira e nesse sentido o autor é respeitoso com a tradição fazendo-lhe altíssima honraria pela qualidade inquestionável de seus contos. Porém de outro lado Fred carnavaliza a perspectiva típica do cronista como em O galo da lagoa .Nesse conto o personagem-narrador afirma que enquanto caminha está sempre devaneando contemplando a paisagem mas longe muito longe em pensamento . Dessa maneira o olhar do cronista perspicaz para o fato extraordinário que desponta do cotidiano mais trivial [...]