Com muita honra aceitei o convite do amigo e colega Salah Khaled, para prefaciar a obra que o leitor tem em mãos, de grande relevo para o debate criminológico contemporâneo, em especial no que se refere à Criminologia Cultural. O que justifica para nós o conhecimento e os estudos da Criminologia Cultural, como produto importado, é a busca necessária de um novo paradigma de pesquisas e análises, que leve em consideração as emoções humanas e seja sensível às demandas e avanços sociais. Um modelo de pensamento mais produtivo que as abordagens criminológicas tradicionais, conservadoras e retrógradas; uma alternativa realista e viável ao discurso simplório e violento do punitivismo de cunho fascista, que especialmente hoje, domina o debate nacional, principalmente na mídia, cuja ação, segundo a Criminologia Cultural, é hoje estudo indissociável e obrigatório a qualquer abordagem mais abrangente do sistema penal, do crime e do controle da criminalidade, no mundo inteiro. Apesar de as suas principais obras de referência ainda estarem sem versão em português, alguns intelectuais brasileiros, como o autor dessa obra, contribuem com produção e publicações que fazem uma excelente aproximação dos conceitos, abordagens e métodos inovadores propostos, dentro do objetivo de perturbar intelectualmente, ou manter girando o caleidoscópio das maneiras pelos quais pensamos sobre o crime e, mais importante, sobre as respostas jurídicas e sociais à quebra de regras., nas palavras de Hayward. Para essa atingir essa meta, um bom começo é se dedicar à proveitosa leitura das páginas que seguem, de modo a obter uma ideia muito clara do que é e o que pretende essa proposta de revisão conceitual e metodológica dos estudos sobre crime e controle de criminalidade. Trata-se, portanto, de leitura instigante e prazerosa, uma vez que os capítulos são autônomos, dinâmicos, bem escritos e fundamentados, produzidos em prosa madura e cuidadosa.