Lugar de negro reúne três textos de duas grandes referências nos estudos das relações entre desigualdade e raça Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalg, sintetizando pontos centrais da questão racial brasileira e contribuindo para fortalecer uma luta fundamental do movimento negro naquela época: descontruir o mito da democracia racial, incitado durante a ditadura. Numa perspectiva intimista, Lélia Gonzalez dedica-se aqui a apresentar o processo de consolidação do movimento negro no Brasil, culminando na criação do MNU, em 1978, na qual exerceu protagonismo. Carlos Hasenbalg, por sua vez, analisa os principais aspectos acerca da configuração do racismo e das desigualdades no Brasil. Seguindo sua linha investigativa pioneira, ele demonstra que relegar a discriminação ao reflexo das relações de classe subestima o papel da opressão racial na própria constituição das hierarquias sociais.