O livro 'A Flauta e o Cajado do Pastor II - 1ª parte' contém uma "Carta Dedicatória" ao ilustre poeta árcade Cláudio Manoel da Costa, meu heptavô, um "Prólogo ao leitor", dando-lhe nota sobre a feitura do livro, cento e um sonetos em língua portuguesa e sete na francesa. Dionísio da Silva, ou Amadeu Cirilo procurou seguir na íntegra o modelo clássico de sonetos, com os acentos na 4ª, 6ª, 8ª e 10ª sílaba, com o recuo para a 3ª e ou a 7ª ou com o avanço para a 5ª e/ou a 9ª. As rimas são aparelhadas, alternadas, nos quartetos e cruzadas, nos tercetos, com exceções. Predomina nas poesias um lirismo saudosista, sentimental, amoroso. Amadeu Cirilo pretendeu nelas o retorno ao passado, à infância, ao século XVIII, à Hélade (Arcádia) antiga. Na infância: "uma cerca aqui houve, eu nunca me esqueço". No século XVIII: "Que lindas foram as noites lá". Na Grécia antiga, na harmonia e simpatia dos pastores. Os pastores têm nomes greco-latinos, hebraicos ou italianos: Doroteu, Dirceu, Fido, Filomena, Brites, Mariana, Davi. Dircéia é uma homenagem à peça de igual nome de Pietro B. Metastasio, poeta italiano. Como esse retorno é impossível, o poeta é triste e as poesias são carregadas dessa tristeza. A figura feminina, quando surge, vive escondendo-se, fugindo, como "Mariana (MG), que se "encosta pelas encostas dos montes", ou, em segredo: "Dircéia? Dircéia? Onde estas? Onde? Onde?" A beleza da mulher amada sobressai sobre as outras: "Minha linda Dircéia tem olhos verdes, como o capinzal dos melhores prados". Mas ela é difícil de ser alcançada: "Ela, em crueldade, é mais severa que leopardos." A natureza aparece pura, simples, bela, tranquila, ou, hostil e cruel. No campo, ao contrário da cidade, a vida é simples, os pastores vivem em choupanas e cantam uma cantiga que vem da alma.