Em seus anos tardios - depois de suas três importantes obras autobiográficas, A língua absolvida, A luz em meu ouvido e O jogo dos olhos (Companhia das Letras) - Canetti recorda a década que passou na Inglaterra, seus melhores anos, durante os quais, distante da língua alemã, redigiu sua obra-prima Massa e poder (1960) e passou tempos movimentados. Em vida não ousou levar a público tanta coisa tão pouco recuada no tempo, mas agora abre-se o tesouro: um texto bem-humorado e irreverente sobre nobres mimados e imigrantes paupérrimos, sobre poetas convencidos e belas pintoras, sobre um pastor carola e um varredor de rua metido a filósofo e - com grande transparência - sobre o relacionamento com a escritora Iris Murdoch, que mais tarde se tornaria famosa. O pesquisador e crítico literário Jeremy Adler era conhecido de Canetti desde o início de seus anos ingleses e lhe foi muito próximo no último período. Em seu abrangente e tocante posfácio traz em primeira mão elementos que nos revelam um Canetti dos bastidores.