Como você reagiria se, em meio as sessões do terreiro umbandista que pesquisa, você desmaiasse e seus informantes desconfiassem de que era um sinal para que desenvolvesse seu "santo"? E se os seus informantes Ihe exigissem sua participação como "militante na causa", dificultando seu posicionamento crítico e distanciado no memento da escrita da tese? Ou ainda se, ao combinar um encontro, suas entrevistadas Ihe sugerissem "deixar a buceta em casa" antes de sair? Como trabalhar como pesquisadora numa vila onde a "ordem natural das coisas" e as mulheres saírem, na forma da emigração? E se o grupo de lésbicas que se estiver entrevistando ficar.durante todo o tempo,a espera que a pesquisadora"saia do armário"? Essas e muitas outras situações foram experimentadas pelas 12 antropólogas reunidas nesse livro enquanto estiveram em seus trabalhos de campo, forma, por excelência, do desenvolvimento da Antropologia. Essas pesquIsadoras, à época dos seus cursos de mestrado e doutorado, relatam as experiências que acumularam em varias localidades no Brasil.alem da Argentina, Cabo Verde e Timor Leste. Trata-se de um rol bastante representativo da Antropologia Brasileira no momento. Costuma-se dizer que não ha uma "Receita de bolo" para realizar uma boa etnografia. No entanto, compartilhar as vivencias de antropólogas em campo - e sobretudo colocar-se no lugar do outro, imaginando-se naquela situação - muito pode ser útil a outros pesquisadores em circunstancias semelhantes. Para alem de um inventario de possíveis problemas e soluções, os textos aqui reunidos propõem que fazer etnografia e, sobretudo, formular perguntas. Nesse livro, problematiza-se, mais especificamente, como os atributos de gênero e geração influenciaram as saias justas e os jogos de cintura encontrados em campo, justamente pelo fato de serem mulheres em processo de formação acadêmica. Boa viagem, boa leitura!