Ao pretendermos nos utilizar da literatura para fazer psicanálise em extensão, valorizamos o elo que surge entre o personagem e o contexto histórico-social em que ele foi criado. Visamos, com isto, encontrar possibilidades interpretativas que demonstrem o valor do personagem como referido a uma forma de ser num determinado contexto e passível de uma aplicação com pretensões de universalidade. Freud percebeu claramente o valor do mito para a cultura, bem como possibilitou que se captasse que determinados personagens não se situavam em um determinado tempo, mas poderia ser representantes de qualquer tempo, isto é, teriam carater universal. O personagem na literatura sempre representa a racionalidade e as formas que uma determinada cultura usa para resolver seu interminável conflito interno - sempre inflacionando, de forma intolerável, pela presença do outro.