Antonio Escohotado narra no presente volume - uma espécie de resumo da sua Historia general de las drogas, o maior tratado sobre o tema - o percurso da humanidade a partir das drogas, naturais ou sintéticas. Para além das inevitáveis polêmicas em torno deste professor - seja porque o proibicionismo político-social e os seus perigos assim o ditam, ou pela insistência no próprio gesto provocatório, tantas vezes credo da vaidade -, há que ressalvar tal virtude, especialmente quando a noite nos fecha as "portas da percepção". Escohotado afronta o medo, percorrendo-o desde a mais remota aplicação das drogas até à sociedade do consumo e do espetáculo, que exige um cada vez maior número de substâncias criadas em laboratório, alimentando a teoria dos sucedâneos avançada ainda no século XIX por William Morris. E vários são os nomes citados, incluindo alguns grandes da constelação canónica, como Coleridge, Baudelaire, Rimbaud ou Aldous Huxley, todos na tentativa de injuriar terrores ou esporear talentos misturando arte e droga.