Mostra que todo discurso sobre a experiência deve partir da constatação de que ela não é mais algo que ainda nos seja dado fazer. Assim, como foi privado da sua biografia, o homem contemporâneo foi expropriado de sua experiência. A expropriação da experiência está implícita no projeto de concepção de ciência, uma vez que ela (a ciência) nasce de uma desconfiança em relação à experiência. Imprevisibilidade e incerteza não cabem no seu discurso. A idéia de uma infância como uma "substância psíquica" pré-subjetiva revela-se então um mito, como aquela de um sujeito pré-lingüístico. Infância e linguagem parecem remeter uma à outra em um círculo no qual a infância é a origem da linguagem e a linguagem a origem da infância. A infância não é apenas uma etapa cronológica da existência humana, mas sim uma condição para que o próprio homem continue a viver.