Na doutrina jurídica brasileira, não existem obras que abordem a atividade policial, e suas mediações, a partir de categorias jurídicas, ao menos com uma profundidade necessária. Há um verdadeiro vazio doutrinário sobre os aspectos jurídicos da atividade policial, no que toca à segurançapública e sua interface com o fenômeno criminal, especialmente na frente aqui chamada de repressiva imediata, vale dizer, o primeiro contato com um fato aparentemente criminoso.()Não há dúvida que, em muitos aspectos, a atividade policial (lato senso) é uma atividade eminentemente jurídica, contudo, nos aspectos preventivos e repressivos imediatos, atribuída à agentes estatais que ordinariamente não são categorizados como operadores do Direito, por não se lhes exigirem formação acadêmica jurídica como requisito essencial para o exercícioprofissional.Por outro lado, como temos insistentemente sustentado, a atividade policial no policiamento ostensivo preventivo (principal aspecto preventivo da segurançapública), assim como nas primeiras posturas diante da ocorrência de um crime/contravenção (aspecto repressivo imediato), constitui um espectro de atribuições as quais, para além de complexas, exigem um preparo técnico profissional que inclui profundo conhecimento jurídico.()É neste sentido que a presente obra pretende, talvez audaciosamente, contribuir para uma Polícia Cidadã, respeitadora dos Direitos Humanos e baluarte da defesa da dignidade da pessoa humana. Cânones que necessariamente devem passar pelo adequado preparo profissional, incluso, também necessariamente, o preparo jurídico daquela atividade que, certamente,é uma das mais jurídicas dentre todas as desempenhadas pelo Estado contemporâneo.