O final da competição ideológica da Guerra Fria foi percebido como o «fim da história », no sentido de fim da evolução ideológica da humanidade, com a universalização do capitalismo e do modelo ocidental de democracia liberal parlamentar. Esta percepção, derivada duma visão eurocêntrica e associada à ideia novecentista de que a economia política é o campo natural da luta ideológica, levou a uma visão redutora do mundo e ao subestimar do potencial de atracção de outras ideologias, cujo cerne é «cultural», ou com raízes fora da cultura do Ocidente, E esse o caso do multiculturalismo, a mais recente e influente ideologia ocidental da diferença, bem como o ao islamismo, uma poderosa ideologia de ambição universalista, cujas raízes intelectuais se encontram no Islão. Assim, neste livro, propõe-se uma análise sistemática e crítica destas duas ideologias, que têm merecido um escasso interesse no âmbito das publicações da Ciência Política e Relações Internacionais, apesar da sua relevância na política interna e internacional. Especificamente, a abordagem incide sobre as raízes filosóficas, os principais pensadores, as características distintivas e as versões em que estas ideologias se materializam.