Durante dois séculos, o culto da sociedade submeteu os actores sociais às leis da Razão, da História e do Poder. Não será tempo de questionar a nossa representação da vida social, de substituir uma concepção centralizada nas noções de evolução, de instituição e de participação por uma valorização das ideias de autoprodução, de movimento social e de sujeito? Esta alteração de pensamento corresponde, hoje, à passagem da sociedade industrial, organizada como uma empresa ou como um exército empenhado fundamentalmente no domínio da natureza, para um novo tipo de organização social capaz de agir mais directamente sobre os comportamentos e as relações sociais, nomeadamente por meio da produção de informações, de linguagens e de imagens. ALAIN TOURAINE, professor agregado em História na École Normale Supérieure, foi responsável de investigação no CNRS entre 1950 e 1958. Em 1981 fundou e dirigiu o Centre d Analyse et Intervention Sociologiques e é, actualmente, membro do Haut Conseil à l Intégration.