"Durante muitos milênios" - desde que a Justiça iniciou seus primeiros ensaios - aos julgadores sempre se exigiram as qualidades do conhecimento das regras jurídicas a serem aplicadas aos casos concretos e a mais elevada valorização dos interesses coletivos, acima dos interesses individuais. Houve muitos magistrados que deixaram marcas indeléveis do mais respeitável senso de Justiça, contribuindo para a evolução do senso moral das coletividades. Todavia, com o advento da Psicologia como ramo importante da Ciência, muitos outros dados passaram a integrar o universo cultural dos aplicadores do Direito, que não podem mais, em sã consciência, pautar suas decisões considerando os seres humanos sob julgamento como produtos casuais de uma fatalidade puramente biológica e hereditária, mas sim individualidades em constante aperfeiçoamento e merecedoras de uma avaliação profunda visando sua maior qualificação moral e intelectual para o trabalho de reinserção social e não apenas sua análise para a aplicação de punições, que normalmente não as regeneram. Quem julga deve imbuir-se desses conhecimentos para ter maiores chances de acertar, não se limitando a ser mero aplicador automático das leis e da jurisprudência. A finalidade última do Direito e da Justiça é a Paz Social, em cuja situação os cidadãos vivam e interajam harmonicamente, como numa verdadeira colméia, onde cada qual desempenha seu papel cônscio da sua importância para a coletividade. Tudo começa com a boa seleção dos candidatos, inclusive levando-se em conta o exame psicotécnico, que avalia a sua vocação. A sociedade cobra muito dos magistrados e prefere, cada vez mais, ter neles os conciliadores que conduzam à harmonização social os cidadãos pouco inclinados à interação idealista e útil. Não se procuram mais os castigadores que inflijam castigos cruéis aos infratores, mas sim os educadores competentes, que os transformem em indivíduos propositada e conscientemente úteis. Luiz Guilherme Marques é juiz há mais de duas décadas e vem procurando entender as mudanças que o trabalho e o perfil dos magistrados vêm sofrendo nos últimos tempos, para chamar a atenção para a necessidade de investimentos maiores nessa nova face do Judiciário, que se avantaja a cada dia. Esta obra é importante para quem pretende ingressar na Magistratura e para quem já faz parte dessa meritória e essencial Instituição.