Que fundamentos e que validades têm os modelos aos quais a crítica semiológica procura referir os textos narrativos e poéticos? Como se conciliam com a natureza extratemporal dos modelos a temporalidade da ficção narrativa e a da leitura? Quais são, dentro de uma narrativa, as configurações das personagens e o quadro ideológico? A estas perguntas, e a outras que surgem paulatinamente da indagação. As Estruturas e o Tempo de Cesare Segre responde, no plano teórico, mediante uma corajosa análise das principais tentativas da narratologia de Propp a Greimas e, no plano prático, mediante estudos metodologicamente inovadores sobre Boccaccio, Garcilaso, Cervantes, Gonçalves Dias e Beckett. Trata-se de um amplo percurso de leitura crítica no qual um dos principais expoentes italianos da escola estrutural e semiológica na teoria e crítica literárias – já conhecido no Brasil através do seu livro Os Signos e a Crítica, publicado pela editora Perspectiva – leva a interpretação semiológica, reformulando-a, reivindicar, em novos termos, a historicidade dos textos literários e a dos esquemas com que tenta captar o complexo de seus significantes.