Salvador Sanz vem criando pesadelos gráficos e fantasmagorias há muito tempo. Já nas páginas do saudoso fanzine Catzole, suas histórias inquietavam, não faziam concessões. Salvador nos encurralava contra escuras escuríssimas curvas da imaginação, que a luz negra de sua fantasia revelava. Arte incômoda a deste autor, porque não é agradável se debruçar sobre os abismos. Mas talvez haja no horror profundo uma catarse secreta. Só talvez. É difícil encontrar essa catarse em Legião. Não há respiro, não há trégua. Os céus de uma Buenos Aires invadida se nublam sem fim, literalmente. Ficou distante a disposição heroica desta outra grande história em quadrinhos que também versava sobre uma invasão vinda de além do nosso mundo, O Eternauta. A história começa quando uma cor nova irrompe em nossa realidade, uma cor impossível, que traz à memória aquela que caiu do céu , como no relato de Lovecraft Mas uma sinopse do que aguarda os leitores nestas páginas não será nunca parte desta introdução. Que os prodígios e terrores ali entocados os peguem desprevenidos, como me pegaram quando li Legião pela primeira vez. E se poderia escrever muito sobre a tenebrosa beleza que guarda o horrível, beleza infernal que nos atrai e repele ao mesmo tempo. Salvador está entre esses artistas que rasgaram o véu e violaram o lacre. Não quero me estender sobre a destreza de sua técnica, a maestria do seu desenho- as imagens que se seguem falam por si mesmas. Não quero me pôr como um intérprete objetivo desta obra perturbadora e visceral. Se de algo serve para o prefácio, que conste aqui que Legião é uma das melhores histórias em quadrinhos feitas na Argentina nos últimos tempos. E assim é que, há vários anos já, cada vez que passo pelo Museu de Ciências Naturais na Avenida Ángel Gallardo, e observo (como faço, embevecido, desde que era menino) as corujas de pedra que ladeiam uma de suas entradas, lembro de uma cena inolvidável deste sublime pesadelo de Salvador. Até me parece vê-las pintadas de ‘ultramal’, a cor que caiu do céu ou ascendeu do inferno.' - Enrique Alcatena“Todas as músicas já foram criadas? Já vimos todas as cores existentes? Conhecemos todas as formas possíveis? Felizmente, não. Existe uma música que nunca deveria ter sido criada, uma cor que nunca deveria ser vista, uma forma que nunca deveríamos conhecer. Mas os três descobrimentos foram feitos em uma cidade e não podemos mais retroceder: a passagem foi aberta.” Legião traz uma história de terror ambientada em Buenos Aires e seguindo a trilha percorrida pelo mestre Lovecraft. Este é o 5º volume da Coleção Fierro da Zarabatana Books.“Todas as músicas já foram criadas? Já vimos todas as cores existentes? Conhecemos todas as formas possíveis? Felizmente, não. Existe uma música que nunca deveria ter sido criada, uma cor que nunca deveria ser vista, uma forma que nunca deveríamos conhecer. Mas os três descobrimentos foram feitos em uma cidade e não podemos mais retroceder: a passagem foi aberta.” Legião traz uma história de terror ambientada em Buenos Aires e seguindo a trilha percorrida pelo mestre Lovecraft. Este é o 5º volume da Coleção Fierro da Zarabatana Books.