Uma mulher de mais de 70 anos está diante de um dilema que a assombra: depois de décadas de silenciamento, a irmã reaparece: É Marfiza. Na tentativa de reconstruir o passado, ela pensa, conta e martela sobre seu modo de enxergar a irmã, mas aos poucos o que vaza por infiltrações descontroladas é o enredo de suas próprias experiências, em meio ao sincretismo religioso, aos desajustes familiares e à vida difícil da Vila. Dessas infiltrações também ressoam ecos da voz de Marfiza, que reivindica o espaço de suas palavras por meio das cartas escritas ao longo dos anos. Edifica-se disso uma polifonia que acentua a dúvida constante: quem fala a verdade? Qual é a verdade? Existe verdade? Cara Marfiza, é um espaço memorialístico de reflexões sobre as agruras de uma vida pobre, na qual as paixões foram se ressecando e incorporando-se em modos de viver de tal forma que, quando se vê, o tempo passou sem que as experiências pudessem ser exploradas no campo do prazer.