A presente coletânea pretende recobrir ao menos um considerável número de acepções do termo mal-estar. E busca fazer isto focando diversas escolas, gêneros e diretores da história do cinema. Em nenhum momento, pensou-se em algo como uma história do cinema, no entanto o leitor perceberá o intuito de recobrir o máximo possível da rica produção fílmica que existe desde os irmãos Lumière, sem preconceitos de qualquer natureza. Seguindo o preceito multidisciplinar que norteou o trabalho desde o princípio, e lembrando que se buscou recobrir diversas acepções do termo mal-estar, os colaboradores vêm de distintas áreas das humanidades e de diversos países. É possível, assim, não apenas atestar a universalidade e a urgência do debate como ainda verificar o estado da arte em que a questão se encontra. Por fim, é preciso ressaltar que tomamos o cinema não somente como o locus onde o mal-estar se reflete, mas também onde se buscam saídas para esta crise; como parte do problema, mas também como nicho onde se vislumbra uma nesga de esperança. O cinema não é um receptáculo de ideias - é, na verdade, como predicara Deleuze, uma máquina de pensar, um espaço onde se opera um filosofar concreto, que se consubstancia através de imagens.