lançado em 2008, “onde moram os tatus – um punhadão de estórias caipiras” é um romance de autoria do jornalista ivan camargo e que resgata com humor as raízes do estado de são paulo. o livro foi concebido em tatuí, no interior paulista, com o propósito de valorizar as tradições caipiras. para tanto, inspira-se nas narrativas autenticamente folclóricas de cornélio pires tanto quanto busca escapar do estereótipo marcado pelo “jeca tatu”, de monteiro lobato. uma lendária estrada indígena, a pioneira fábrica de ferro do brasil e a ousadia épica dos tropeiros formam o cenário do romance, ambientado na metade do século 19 e que tem seu “punhadão” de estórias baseado na estrutura dos “causos” caipiras. a narrativa acontece ao longo da chamada “rota do muar”, que ligava o rio grande do sul ao interior de são paulo, aproveitando-se, em seu traçado, de diversas ramificações da lendária estrada indígena conhecida como “peabiru”. em particular, a estória transcorre na região de sorocaba, onde havia o maior mercado de muares dos séculos 18 e 19. outro ponto que permeia o romance é a fundação, apogeu e declínio da fábrica de ferro de ipanema, a primeira do país. o texto é essencialmente ficcional, mas, ainda assim, utiliza-se de fatos folclóricos, como a “lenda” do xiru-gato (o bugre assaltante e assassino de tropeiros). apesar dessa base verídica, o texto não é histórico, muito menos didático. com cada um de intertítulos encerrando na forma de um “causo”, com desfecho jocoso, o livro é basicamente de humor. seu compromisso, tal como nas narrativas caipiras, é com a ficção, com a invenção, com a lorota... assim, o leitor conhece uma antiga e tradicional comunidade do interior, com seus tropeiros, índios, coronéis, capangas, escravos, imigrantes, benzedeiros, prostitutas e até um muar falante... enfim, “onde moram os tatus”!