"(...) Assim,, uma apreciação histórico-criminológica do problema (que em dado momento fará o leitor dar-se conta de que o pentitismo é outro traço comum entre os sistemas penais da ditadura e do atual Estado policial) antecipa o meticuloso exame técnico-jurídico, que vai dos fundamentos processuais - como aquele que o saudoso Francisco das Neves Baptista chamava de ‘mito da verdade real’ - ao labirinto dos sucessivos diplomas legais que, com feições e efeitos distintos, consagraram a alcagüetagem condecorada. Tampouco se furta o estudo ao tratamento moral da questão, porque é inegável a inversão no estatuto ético com o qual a delação chegará à modernidade. Em algum momento, um vereador do município mineiro de Tiradentes encontrará estímulos legais para um projeto de lei que troque o nome da cidade para Joaquim Silvério dos Reis. Em suma, o trabalho de Natália Oliveira de Carvalho vem incorporar-se à bibliografia brasileira sobre delação premiada, e passa a constituir leitura obrigatória para quantos, no exercício de suas funções, no foro ou na academia, devam manejar o controverso instituto processual da delação premiada." - Nilo Batista