A organização do sentido nas narrativas míticas indígenas procura revelar as estruturas significativas que são comuns a diferentes textos da mitologia dos índios do Brasil. Na obra, os mitos são tomados não apenas como objetos significativos, mas também (e antes de tudo) como objetos representativos da sociedade em que circulam, objetos que veiculam uma voz coletiva que fala de si, para si e sobre a realidade que lhe é própria. Nessa perspectiva, cada narrativa individualmente tende a expressar elementos da visão de mundo, das experiências coletivas e da realidade de modo geral do grupo em cujo seio circula. Ao mesmo tempo, a obra não perde de vista a concepção de gênero discursivo, noção que faz pensar que determinadas regularidades em diferentes narrativas devem se mostrar presentes para que cada uma delas seja tomada como exemplar do que se conhece como mito indígena. [...]