Nesta obra temos uma análise discursiva das vozes de Homero (Odisséia) em James Joyce (Ulisses), considerando as noções de interdiscurso e heterotropia como regularidades de caráter polifônico, uma vez que a condição primeira de tais processos encontra-se em utilizar a voz do outro para enunciar algo, seja um dito já posto, seja um dito (re)significado. Por outro lado, consideramos que para haver heterotropia é condição preliminar a interdiscursividade, pois, como tomar a palavra do outro para deslocar os sentidos atribuídos sem dialogar com o discurso primeiro? Entende-se que os dizeres de Joyce dialogam com outras vozes, entre as quais estão as de Homero que, em alguns momentos, estão em contínuo deslocamento, sempre alterando o sentido do dito e se impregnando de sentidos outros. Nessa acepção, a interdiscursividade e a heterotropização resultam em acontecimentos polifônicos, quando se fazem ouvir, no discurso joyciano, diferentes vozes, articuladas em sentidos referenciais e, por vezes, antagônicos.