Fruto de amla pesquisa historiográfica na qual se recorreu a inúmeras fontes, o livro oferece uma (re)leitura sobre o que foi e representou a Revolta da Vacina num Rio de Janeiro ainda com características próprias dos primórdios republicanos, até então colonial em seus vários aspectos. Propondo questões originais, a autora trabalha com os diversos elementos que se aglutinaram para compor esse quadro da nossa história, do ângulo de suas representações plásticas - utilizando-se inclusive dos instrumentos visuais disponíveis à época: a fotografia, a caricatura, a charge - e do debate entre os discursos médicos que disputavam a primazia na cena político-social do período. Questiona a maneira como história e medicina se tornaram cúmplices para falar de uma cidade que se civilizava, chegando até aos alicerces das disputas médicas em torno da vacinação. O livro está sedimentado em uma forma inovadora de escrita, em que a ousadia maior de Myriam Bahia Lopes - as narrativas entrecruzadas - confirma a recusa a dar respostas acabadas a indagações, desvendando facetas inesperadas que fortificam qualquer explicação conclusiva a que se queira chegar. Resulta desse conjunto uma vívida descrição do que foi o movimento dos revoltosos pelas ruas do Rio naqueles dias. Livro que, além de abrir novos perspectivas para os estudos sobre as questões urbanas, tem o mérito de atualizar o diálogo sobre o assunto.