O presente livro discorre sobre a produção musical e a trajetória artística de Luiz Gonzaga, precisamente sobre a invenção do baião e os outros gêneros apropriados pelo sanfoneiro, os quais serviram como discursos fundantes desses marcadores identitários. Verifica-se que as músicas (letras e ritmos) e a performance do autor serviram como táticas discursivas para a construção de um imaginário de Nordeste. O baião e outros gêneros tocados pelo trio musical – organização performática de palco – forjaram uma prática de música que entrou nos processos de negociação identitária com o seu público/ouvinte. A tradução discursiva de Nordeste e de nordestino foi engendrada também por imagens e símbolos a partir de uma indumentária retirada das tradições regionais (cangaceiros e vaqueiros) e ressignificada pelo artista dentro de um contexto social urbano. A musicalidade de Gonzaga foi construída no entre-lugar sertão nordestino/ terras civilizadas. Esse trabalho se desenvolveu numa relação da história com a música e suas formas de interpretação.