Um livro necessário. Num país que lida mal com seu passado, a literatura pode oferecer caminhos para compreender os pesadelos que hoje nos afligem e nos surpreendem e não deveriam porque, afinal, não há presente vivido por nenhuma sociedade que não plante suas raízes num passado próximo ou distante. Tudo o que se escreveu sobre os anos de chumbo é ainda insuficiente para lançar luz sobre a extensão e a profundidade da tragédia imposta à sociedade brasileira no período 1964-1988, quando o país voltou a contar com uma Constituição Liberal Democrática. Essa é uma obra de ficção. E o autor trata de explicitá-lo já na Advertência que abre o livro em que os personagens são arrancados da vida compartilhada por ele em diferentes presídios para compor, como metáfora, o painel da barbárie que o país escondeu de si mesmo e segue como exigência para alcançar um patamar mínimo do que se poderia definir como uma sociedade civilizada. ficção é chamada a decifrar e compreender as múltiplas (...)