Anotando a China: Viagem Psicanalítica ao Oriente é a última produção de Fabio Herrmann, organizada em livro em seus derradeiros meses de vida. Produção, e não escrito, porque combina textos psicanalítico-literários e fotografias que são inspirados e resultam de uma viagem de quarenta dias por Japão e China uma viagem turística. Impactante, como escrevo em meu prefácio, também por ter sido realizada em meados de 2005, época em que a China dava os primeiros passos para firmar-se como potência econômico-industrial no mundo e, com isso, desafiar o Ocidente, mas apresentando ainda grandes nichos de miséria, de população miserável. Este livro carrega o sentido de despedida por parte do autor, já muito doente enquanto o preparava. Nele, por essa forma que reúne fotos e textos psicanalítico-literários, Fabio percorre seu original pensamento em Psicanálise, à época já bastante divulgado. As imagens que as fotografias mostram, como comentários aos textos que as seguem ou precedem, constituem outra forma de o autor dar voz à produção teórica em Psicanálise. A presente edição, que a Editora Unifesp patrocina, sobrevaloriza a obra de Fabio Herrmann por ser uma edição crítica. Foi organizada por Fernanda Sofio a partir de seu projeto de pós-doutorado realizado na Universidade de São Paulo e estendido na Universidade Columbia e no Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Princeton. A introdução que abre o livro, A China Fala, de autoria de Fernanda, propõe ser a produção de Fabio em Anotando a China uma nova poética em sua obra. Tomando a China e o Oriente como um caso clínico pensado e trabalhado por textos e imagens (fotos e grafismos operados digitalmente pelo autor), Fabio Herrmann, de acordo com Fernanda, dá a essas imagens a condição de metarrepresentações da realidade de que são objeto sendo as imagens em si uma primeira representação para um recorte psicanalítico do mundo e de seu homem.