A questão ambiental se constitui como tema estratégico na contemporaneidade, diante do cenário de crise global provocada pelo esgotamento dos recursos naturais não-renováveis do planeta e pela ruptura ética decorrente de um modelo de desenvolvimento centrado na noção de crescimento econômico e no protagonismo do mercado na produção de desejos permanentemente insaciáveis. Partindo desse olhar, esta publicação procura interpretar o consumo verde, sob a ótica psicossocial, através de uma reflexão baseada em alguns referenciais construídos a partir da Sociedade de Controle, do Capitalismo Mundial Integrado e da Modernidade Líquida - orientados pelas discussões de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Zygmunt Bauman, além de outros pensadores vinculados a esta temática. Sob a ótica construída, através de um rizoma, se dinamiza uma rede formada por diferentes atores sociais (Empresas, Consumidores, Mídia, ONGs e Governo), que produz esse consumo, neste caso, ilustrado no caso brasileiro. Assim, a partir da perspectiva de sustentabilidade ecológica adotada pela sociedade contemporânea como alternativa e resgate de um processo histórico de desvalorização da natureza, os recursos naturais passaram a ser reinterpretados na configuração de um consumo qualificado como verde, que produtiliza a natureza (produtos verdes) e a produção de uma subjetividade capitalística (o modo de ser ecologicamente correto), na qual as relações entre sociedade e natureza são, de forma ecosófica, atravessadas pelas redes do mercado, por meio de um rizoma verde. Neste movimento, o regime de Biopoder se desloca para uma faceta socioambiental, configurada em Ecopoder, através de um Ethos ambiental, que capitaliza o que não era capitalizável (ou seja, a vida), por intermédio da corporificação dos valores da natureza, tanto como um bem de consumo, quanto pela importância de sua proteção para o futuro do planeta e do mercado. Com este enfoque, este livro que aborda a questão interdisciplinarmente, é destinado a todos aqueles que se interessam pelo tema e visa trazer à reflexão uma provocação: em que medida somos protagonistas deste rizoma como cidadãos ou como atores alienados de um processo global que nos automatiza e nos faz acreditar em desejos multicoloridos e permanentemente inalcançáveis?