Este livro, que se segue a O pensamento da Diferença, coloca duas questões: Por que razão a hierarquia se agarrou à simples diferença dos sexos? Será possível dissolvê-la? A esta dupla questão, Françoise Héritier responde em termos antropológicos mas também políticos. Como asseguraram os homens o controlo da fecundidade das mulheres, esse poder exorbitante de parir o diferente, os filhos, bem como o semelhante, as filhas. Como exploraram os homens o corpo das mulheres na prostituição e no trabalho doméstico? Em contrapartida, como puderam as mulheres só começar a libertar-se no dia em que os meios de contracepção lhes permitiram retomar o controlo da sua fecundidade? Françoise Héritier examina a possibilidade de mudanças, algumas ilusórias, outras bem reais, e capta os obstáculos que, implicitamente, continuam a fazer-lhes barreira. No entanto, estas mudanças não são a promessa de uma sociedade onde a diferença e a assimetria seriam o fundamento não de uma hierarquia mas de uma verdadeira harmonia? FRANÇOISE HÉRITIER é professora honorária no Collège de France e autora de uma vasta bibliografia no âmbito das suas investigações antropológicas. Das obras publicadas, destacam-se L Exercice de la parenté, Les Deux Siurs et leur mère e Masculino/Feminino I, O Pensamento da Diferença, editadas pelo Instituto Piaget.