Uma jornalista residente em Porto Alegre é convocada a viajar a trabalho à sua terra natal, lar às avessas, de onde ela partira fugitiva e estranha, evitando desde então qualquer ideia de regresso. Inhamuns é essa terra, irmã do diabo, que pulsa erotismo e violências tantas, atravessando o corpo de mulher da narradora a lançar olhares indecentes sobre o próprio passado, numa arqueologia de memórias adormecidas que revive traumas e produz tragédias. Tal retorno inesperado às reentrâncias do sertão cearense, território de lembranças evitadas, rende reencontros de prazeres e infortúnios, frutos sertanejos de polpa agridoce encharcada de mistérios e segredos criadores. Kah Dantas escreve como quem nasceu para isso e nos guia por Inhamuns com segurança e desejo, tomando como rédea da narrativa uma linguagem sensual e elegante a nos seduzir pela precisão saborosa das descrições.