Por ser muito próximo a ele, soube pelo autor deste livro que os poemas, às vezes, não chegam; outras vezes chegam de trem e, pela rapidez daquele meio de transporte, transversos e em três versos. Várias vezes, eles entram pelas consagradas janelas do olhar: um quintal sem plantas; uma semente que cai logo adiante; a foto de um prato de comida; uma praia urbana ao amanhecer; uma paisagem natural, a imagem da transeunte desconhecida filtrada pela luz de um copo de chope solitário. Há outros que derramam sentimentos e perplexidades: a dificuldade de explicitar o amor em palavras; a constatação da reciprocidade incerta do amor; o amor fraternal interespécies; os limites impostos pelo tempo aos encontros. Há os poemas lúdicos que brincam com os sons finais das palavras; aqueles que querem conversar sobre a solidariedade; os que não conseguem dizer e compartilham a mudez diante do inesperado. Por outra vertente, se apresentam os inelutáveis poemas curriculares; aqueles que homenageiam a quem de direito; os que se despedem com gratidão e respeito; as reflexões em versos sobre o curso dos instantes, sobre o dia a dia, sobre a tecnologia que transforma até mesmo a poesia. Para completar o feixe, há os poemas provocados: por uma correspondência eletrônica de amigos, por um diálogo internético, por outros poemas e poetas.