A diversidade lingüística é um objeto de estudo caro aos lingüistas, mas também um tema abordado com freqüência por escritores e poetas de diferentes épocas e lugares. Para alguns escritores, as singularidades lingüísticas não constituem exotismos ou regionalismos, mas condição de existência da unidade lingüística. A proposta de Milton M. Azevedo é analisar a representação literária da oralidade por meio de recursos estilísticos que refletem modalidades de fala divergentes da linguagem normativa. Apoiando-se no conceito de dialeto literário, o autor analisa textos de vários escritores, como Érico Veríssimo, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Dalton Trevisan, entre outros, que evocam a fala mediante traços lingüísticos incorporados a uma escrita não-padrão que reflete essa mesma variação.