O Grito dos excluídos nascido no Brasil em 1995 e, dois anos mais tarde, apadrinhado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, difundiu-se por toda a América Latina assumindo, por certo, perfis diferentes nos diversos países, sem, contudo, perder sua identidade original. A obra, escrita em espanhol, visa informar sobre a caminhada realizada nesses dez anos, fundamentá-la nos princípios que a suscitaram e a têm alimentado até agora e contribuir, assim, para sua difusão e robustecimento.

O grito é definido como um espaço que se oferece aos que não encontram espaço na sociedade para proclamar a sua dignidade e fazer valer os seus direitos, oferece vez a quem não tem vez e voz a quem não tem voz. Em continuidade com o sucesso obtido na primeira experiência de 1995 até hoje, consolidou-se a realização do grito no dia da Pátria, data da independência do Brasil. Cada ano as manifestações adotam palavras de ordem, que foram as seguintes: Trabalho e terra para viver, em 1996. No ano seguinte, queremos justiça e dignidade. Em 1998, É este o meu país. Em 1999, Brasil, Um filho teu não foge à luta. No limiar do novo milênio, Progresso e vida, uma pátria sem dívida$. Em 2001, Por amor a esta pátria, Brasil. Soberania não se negocia, em 2002. Em 2003, Tirem as mão do Brasil, que é minha pátria, finalmente, em 2004, Brasil, o povo nos faz mudar.

A obra divide-se em quatro partes, com uma apresentação e vários documentos anexos. Na primeira parte, faz-se o histórico do Grito. Na segunda, diversos enfoques sobre o conteúdo do Grito, uma espécie de perfil da exclusão. Na terceira parte, sua diversificação nos vários países latino-americanos. A breve quartaparte é especialmente dedicada à rejeição da Alca.

Os diversos capítulos, assinados por quase vinte colaboradores, formam uma verdadeira plataforma político-religiosa contra o neoliberalismo implantado nas Américas, que acabam pesando sobre os governos de origem aparentemente popular. Ajudam o estudioso a ver mais claramente as implicações de uma teologia política que ainda predomina em faixas importantes do episcopado e da Igreja. Mas, ao mesmo tempo, revelam os diversos equívocos que têm sido alimentados por uma esperança utópica de que as perspectivas do Reino possam de algum modo se realizar na história.