A Carne, do controvertido Júlio Ribeiro (1845-1890), é a chocante (para alguns) narrativa de uma mulher sexualizada e independente. Passados 120 anos de seu tumultuado lançamento esse livro ainda hoje provoca e desafia. Uma das obras centrais do naturalismo brasileiro (com forte inspiração em Emile Zola, para quem o autor dedica o livro) A Carne também comprova argumento do historiador Sidney Chalhoub: textos literários de algum modo são também fontes primárias para a pesquisa histórica. Vários temas abertos (e doloridos) em nossa história (escravidão, racismo, divórcio, casamento de fachada, violência para com animais) são tratados nesse livro, que estruturalmente não se diferencia de um relato de viagem ou de jornal ou de memória. É um registro que vale como fonte primária. Do ponto de vista da construção de um conjunto de textos de interesse de literatura para juristas, A Carne é livro de altíssima importância. Há muitos temas de interesse comum para o literato e o jurista.