Aragem significa vento brando e intermitente. Os poemas desse livro, não por acaso, provocam movimento. São sopros, brisas, ares, ventos, ventanias, suspensões. E o que não está parado, está vivo. Ao ler Aragem, talvez o leitor se pegue tomando um vento em algum lugar inesquecível, talvez sinta os cabelos revoltos à beira da praia, talvez assista a um voo de borboletas, o reflexo do céu em um rio, o movimento leve e geométrico da bailarina. Talvez sinta o movimento do universo, perceba seu lugar no tempo, se projete. Perceba que o passado já não serve / o futuro pouco importa / existo nesse intervalo exíguo / entre o aqui e o agora. É possível que tenha de fechar a janela para que as folhas do livro não passem sem querer. Elisa Ribeiro, com sua escrita madura e desassossegada, não escolhe palavras por acaso, cada verso tem propósito e cabimento. Isso se reflete como um gesto de cuidado e afeto não só com o poema, mas com o leitor: não há tristeza sem fim / nem futuro sem (...)