Catolicismo em São Paulo - 450 anos de presença da Igreja católica em São Paulo (1554-2004) é uma obra monumental. Foi organizada por um profundo conhecedor da História da Igreja em geral, e, em particular, do Brasil e de São Paulo, com a colaboração de especialistas. Tem o mérito de trabalhar com fontes primárias e oferecer ao leitor um verdadeiro acervo de informações, fundamentadas nos próprios textos, de que se citam extensos trechos, permitindo a todos que não têm fácil acesso aos arquivos e livros originais de se colocar em contato direto com as fontes.

A obra segue uma ordem cronológica. Tomou como opção primária a feitura de crônica. Divide o período de quatrocentos e cinqüenta anos em três partes, Colônia, Império e República, cada uma delas, respectivamente, com dez, seis e seis capítulos. Mostra com clareza que a história do catolicismo em São Paulo teve início dentro do quadro da expansão marítima, da colonização e do regime de padroado. O projeto colonial português estava intimamente ligado ao projeto religioso e é impossível traçar a história do catolicismo paulistano independentemente da história social, política e econômica da cidade, pelo menos durante os períodos colonial e imperial. Essa simbiose entre o religioso e o político-social-econômico torna a obra um livro indispensável para se compreender a vida da cidade, pelo menos até os últimos cem anos.

O eixo da obra é a vida da Igreja, entendida no sentido hierárquico, das ordens religiosas, em particular dos jesuítas, que estão presentes desde a fundação da cidade até a sua expulsão pelo marquês de Pombal, como braço da Igreja defensor dos indígenas, dos vigários, dos párocos e, mais tarde, dos bispos, que se sucederam, vinculados ao poder colonial em virtude do padroado, pelo menos até a Independência. Mas, a propósito dessa crônica eclesiástica, temos acesso a inúmeros aspectos da vida do povo, inclusive de sua alimentação, de suas festas, de suas aventuras econômicas e de suas esperanças num mundo que ainda estava por se fazer.