Em 1977, o escritor e dramaturgo Caio Fernando Abreu, organizava sua terceira coletânea de contos, 'Pedras de Calcutá'. O livro assinalava a conclusão de uma trajetória pessoal de independência em relação ao estado natal, ao país e afirmação de liberdade pessoal e não-submissão ao arbítrio do regime militar. Com tudo isso, tratava-se de uma obra extremamente representativa do que se passara com muitos jovens no mundo todo. Dividindo o volume em dois ciclos, os contos 'Mergulho I' e 'Mergulho II' assinalam os temas dominantes. De um lado, a vivência quase alucinatória da própria experiência física, objeto de narrativas atormentadas em que o corpo dos personagens suporta o drama de suas vidas. De outro, indivíduos em busca de fatos capazes de oferecer um desfecho para situações tão insuportavelmente em suspenso que toda possibilidade de solução representa ansiedade, tensão e expectativa quase desesperadora.