As dificuldades — e, podemos acrescentar, as perplexidades — que nos atingem quando tentamos dar um sentido filosófico às descobertas da teoria quântica são causadas não apenas pela complexidade e sutileza do mundo microscópico, mas primeiro e acima de tudo pela adesão a certas premissas metafísicas falsas que têm ocupado uma posição de dominância intelectual desde o tempo de René Descartes. A despeito de seu caráter aparentemente “especializado”, o problema da realidade quântica é sem dúvida a questão universal mais significativa proposta pela ciência pura. Certamente, o que ela exige é uma visão de mundo integral que rompa radicalmente com o costumeiro, com o “clássico”; e isso é o que proponho cumprir no que se segue.