A Suicida de Sexta-Feira é uma novela que traz muito mais do que um título impactante e misterioso. Com poucas páginas, num enredo corrido, o leitor mergulha fundo nas opiniões e pensamentos do protagonista: um professor de escola pública, que vai explicando as grandes mazelas da educação brasileira, suas conexões políticas e desdobramentos. Todavia, engana-se quem acredita que a obra se trata de um manifesto pela educação do país; a narrativa de Kneip é sutil e atravessa caminhos tortos, contudo ainda se trata de uma história ativa e instigante. Os pensamentos e convicções do protagonista fazem grande parte da novela, que constantemente se confundem com a corrente da narrativa e com os flashbacks lançados pelo personagem. O fluxo de consciência é um aparato essencial utilizado pelo autor para criar uma densidade perfeita para obra: 8 T. R. KNEIP recheia-a de digressões, porém sem que estas fujam do controle; pelo contrário, acabam se tornando fundamentais para compreensão da complexidade do tema, da realidade humana e brasileira