Vera dá voz a quem normalmente não tem possibilidade de dizer absolutamente nada sobre os efeitos do cárcere: as famílias de presos e, por conseguinte, também aos próprios encarcerados. Ou seja, às partes diretamente interessadas, que são normalmente substituídas, academicamente, por discursos rebuscados, com palavras difíceis e que, ao final, pouco têm a dizer. A estes, a autora dá o provocativo nome de criminologia de gabinete. Estão em discussão não apenas as estruturas que mantêm o cárcere como elemento central do sistema punitivo, mas principalmente o papel dos intelectuais diante disso. Seguirão falando sozinhos em frente ao espelho? Gustavo Noronha de Ávila