Quando a primeira edição do romance 'Uma sombra logo serás' foi lançada aqui, em 1993, Argentina e Brasil estreitavam os seus laços em torno do Mercosul, um projeto de desenvolvimento econômico que previa ainda uma aproximação cultural. Desde lá, assombrados pelo espectro permanente de crises econômicas, quase nada mudou na sensação de que estes dois países podem a qualquer momento ir à lona, nocauteados pela especulação financeira internacional. Sem nome, sem dinheiro e sem destino, o personagem narrador deste livro é uma caricatura que revela o verdadeiro mal que perpassa essa sociedade- vive-se sem esperança e tendo ainda que apostar em um jogo impiedoso a própria lembrança, a memória transformada em mercadoria como único bem disponível. Os personagens têm sonhos diminutos, simples e esperanças modestas