O grupo de jovens idealistas, os indígenas desconhecidos, as religiosas reclusas ao seu obstinado hospital e os trabalhadores trazidos para iniciarem um negócio florestal compõem mundos desconectados que dividem algo em comum: num ambiente onde o regime das águas e as altas temperaturas determinam o andamento da vida, todos eles se tornam escravos de um lugar. No Marajó ninguém faz exatamente o que quer ou planeja, ali é preciso negociar com a natureza, repetidamente ceder à força maior, respeitar as velocidades particulares. Agregados ao calor e à umidade aparecem aspectos pueris e volitivos das pessoas, seu metabolismo torna-se imperativo perante a racionalidade e os sentimentos simplesmente se expressam por ações, exibem a face natural dos seres humanos. Os papéis sociais representados aqui encontram paralelos nos modos de vida criados pela cultura, seja aquela pré-colombiana, seja a pós-modernidade incentivadora da uniformização contemporânea. [...]