A última década do século XX foi marcada pelo entusiasmo com que os defensores do mainstream econômico anunciavam o "fim da história" e das fronteiras. Entretanto, nesse início de milênio, o que se observa, na verdade, contrariando aqueles prognósticos, é a emergência de novos espaços de construção de projetos de desenvolvimento de base territorial. Dessa maneira, vimos serem constituídos na América Latina, nos últimos anos, induzidos por políticas públicas, arranjos socioprodutivos territoriais, para a implementação de um modelo de desenvolvimento que leva em consideração projetos reivindicados - desde baixo - para a superação da situação do subdesenvolvimento. Essas experiências, em última instância, visam criar a centelha que detone o processo de desenvolvimento. Essas políticas foram concebidas tomando como referência as experiências territoriais bem-sucedidas nos países desenvolvidos, particularmente, os europeus. Entretanto, o que se questiona, aqui, são as condições para o êxito dessas políticas, nas realidades em que são implementadas, em nossos países, prioritariamente em territórios economicamente deprimidos. Apesar das iniciativas dos governos centrais dos países em desenvolvimento, não se pode ignorar que também se deve registrar a reivindicação por políticas descentralizadoras por parte da sociedade civil, organizada na busca por maior espaço político. Para isso, é preciso observar que o processo de redemocratização na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular, fortaleceu esse movimento. Nessa obra, o que se avalia são os desafios para o desenvolvimento territorial no processo de transformação econômica de globalização, com destaque para o mundo rural. Nesse sentido, a questão a ser respondida é: como cada território pode e deve mover-se dentro de um avassalador processo de mudanças globais, que penetra e influencia todos os espaços, e como as políticas de desenvolvimento territorial podem contribuir nesse desafio?