Em 1893, Antônio Conselheiro fundava, junto com seus adeptos, uma comunidade nos confins do sertão baiano, batizando-a de Belo Monte. O arraial, em sua curta existência, deu abrigo a milhares de camponeses pobres e desvalidos, que, expulsos da terra pelas secas e pelo latifúndio, buscavam melhores condições de subsistência e assistência espiritual. O arraial de Canudos, nome dado a essa comunidade por seus inimigos e detratores, foi em pouco tempo considerado um perigo para a ordem estabelecida. Um século depois do massacre sangrento que destruiu o projeto, os historiadores José Rivair Macedo e Mário Maestri, preocupados com o resgate e a discussão das formas de participação popular na História do Brasil, relatam os principais fatos ligados à liderança de Conselheiro, aos sertanejos baianos, ao contexto histórico da guerra e ao modo pelo qual se deu a apropriação da memória do movimento conselheirista.