Viscos é uma pequena aldeia de 281 habitantes, um lugar separado do mundo onde todos olham a vida com alegria, tranqüilidade e compaixão. Todos os que moram ali sabem que estão insistindo em viver num mundo à parte; não lhes é fácil aceitar que fazem parte da última geração de agricultores e pastores que há séculos povoavam aquelas montanhas/ O livro começa com a velha Berta, a mais antiga moradora do lugarejo, repetindo sua rotina de quinze anos, sentada diante da porta, observando o dia passar. No entanto, aquele não seria um dia igual a tantos outros. Berta pressente isso quando vê o estrangeiro subir a ladeira íngreme que levava ao único hotel da aldeia. Usava roupas gastas, tinha cabelos compridos e barba por fazer – um homem comum, diriam alguns, mas Berta vê que ele não está sozinho. O demônio o acompanha. Foi longa a viagem do homem até chegar a Viscos. Esquecida dos mapas, um lugar onde o tempo parece não passar, o estrangeiro pressente que Viscos é o lugar ideal para obter a resposta que procura – o homem é bom ou mal em sua essência? Ali, em uma cidade de homens e mulheres honestos, cumpridores de seus deveres, pessoas que caminham de cabeça erguida e são respeitadas em toda a região. Seria possível levar essa comunidade exemplar a infringir alguns dos mandamentos essenciais da lei de Deus? O estrangeiro usará todos os seus trunfos para provar que sim, mas para isso, precisa de aliados. Chantal Prym, uma jovem órfã que passa os dias entre sonhos e o trabalho rotineiro no bar do hotel, é a escolhida. A proposta do estrangeiro é capaz de transformar para sempre sua vida, no entanto, para isso, ela terá que romper com alguns valores em que acredita. A Srta. Prym está dividida entre o anjo e o demônio que, como todo mundo, trazônio que, como todo mundo, traz dentro de si. A quem caberá a palavra final, decidindo o destino da Srta. Prym e de toda a comunidade de Viscos? A velha Berta sabe que algo precisa ser feiro – não há muito tempo. Se o Mal vence, nem que seja numa pequena e esquecida cidade de três ruas, uma praça e uma igreja, ele pode contagiar o vale, a região, o país, o mundo inteiro. “Com O demônio e a Srta. Prym, eu concluo a trilogia “E no sétimo dia...”, da qual fazem parte Na margem do rio Piedra, eu sentei e chorei (1994) e Veronika decide morrer (1998). Os três livros falam de uma semana na vida de pessoas normais, que subitamente se vêm confrontadas com o amor, a morte, e o poder. Sempre acreditei que as profundas transformações, tanto no ser humano como na sociedade, ocorrem em períodos de tempo muito reduzidos. Quando menos esperamos, a vida coloca diante de nós um desafio para testar nossa coragem e nossa vontade de mudança; neste momento, não adianta fingir que nada acontece, ou desculpar-se dizendo que ainda não estamos prontos. O desafio não espera. A vida não olha para trás. Um semana é tempo mais que suficiente para sabermos decidir se aceitamos ou não o nosso destino!”, declarou Paulo Coelho, em agosto de 2002, de Buenos Aires.